sexta-feira, 19 de março de 2010

Uma brincadeira de mal gosto - by Max Gehringer


Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 16/03/2010, sobre conselhos para a carreira.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui).
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Uma brincadeira de mal gosto.

Esta não é bem uma consulta sobre o mercado de trabalho, mas acredito que vale a pena responde-la, uma ouvinte mão de um jovem que ingressou numa faculdade escreve. “Meu filho sofreu um trote violento, teve varias escoriações e cortes no corpo, será que ninguém esta vendo o perigo que estas brincadeiras representam para a integridade física dos calouros, será que teremos que esperar por uma tragédia para que as autoridades tomem providências”.

Sim senhora, todo mundo esta vendo e faz a bastante tempo o trote tem um século e suas origens são européias, os calouros de Entanho, aceitavam de bom grado as brincadeiras dos veteranos, porque ingressar em uma Universidade era um passo que apenas os jovens muito privilegiados e abonados podiam dar.

Com esse mesmo espírito o trote chegou ao Brasil e aqui também. Não se incomodavam com as pequenas humilhações que sofriam porque sabiam que o diploma universitário seria um passaporte carimbado para o sucesso, só que isso mudou, no meio da década de 1960, o Brasil tinha 400 faculdade e apenas um de cada 500 jovens brasileiros conseguiam concluir um curso superior, 15 anos depois em 1980 o numero de faculdade chegou a mil e a partir da década de 1990 deslanchou de vez. Atualmente a mais faculdade do que supermercado no Brasil, como a oferta de cursos aumentou o preço da anuidade caiu, permitindo que qualquer jovem com o mínimo de recurso posso ter acesso ao um curso superior, por isso o trote se tornou uma brincadeira anacrônica, perdeu sua importância histórica e simplesmente em muito casos ganhou requintes de sadismo e de perversidade, contrariando até a lógica mesmo em cursos superiores que só conseguem preencher metades das vagas oferecidas, o trote ainda persiste, há muitas maneiras civilizadas de dar boas vindas aos calouros como campanhas para fins sociais que são praticadas nas faculdades, que já viraram a folhinha do século XX.

E quanto a sua pergunta a resposta infelizmente é sim, no Brasil muitas tragédias anunciadas, vão ser ignoradas pelas autoridades que depois se desculpam como se tivessem sido apanhadas de surpresa.

Max Gehringer para CBN.

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